quarta-feira, 27 de julho de 2016

PENSAR DÓI, MAS É BOM


A PROPOSTA DE ESCOLA SEM PARTIDO, É A PARTIDARIZAÇÃO DA ESCOLA!
Por Merlânio Maia

A Escola, em todos os graus, deve ser um palco para o debate e o aprendizado.

Para cumprir a função pedagógica de fato, precisa abrir as mentes e corações para a universalidade de toda produção cultural da humanidade.

Quando vem uma proposta de projeto de Lei como este PROJETO DE LEI DO SENADO nº 193 de 2016, vindo de um senador cantor gospel como Magno Malta, que demonstra seu semi-analfabetismo escolar e político, ou que nada sabe de nada e, ainda busca legislar para estancar a função primordial da Escola, que é de possibilitar uma visão crítica a cada aluno que sentar nas suas cadeiras! Um crime contra a produção do conhecimento neste país.

Como ensinar o Liberalismo, o Marxismo, o Humanismo e tantos "ismos", de que é feita a cultura humana, desde os primórdios, até os nossos dias, sem uma visão crítica de debates livres?

Esta é uma proposta de quem nada sabe de ensinar, pois que nunca soube o que seria aprender.

Esta visão produz uma venda fundamentalista nos alunos, para evitar o crescimento destes, ante a vida e produzir fanáticos e doentes mentais. São estas propostas que mostram o retrocesso cultural do país, pois estes detentores do poder querem estancar o processo de aprendizado tão necessários ao futuro da humanidade.

Como é uma ação fundamentalista, já traz em si mesmo a peja partidária, porém com a única visão míope e doentia de coibir o conhecimento, usando a força da lei, para manter seu partido, tão desprovido de conhecimento, no desejo doentio de calar todo tipo de conhecimento humano para, pelo menos igualar todo alunado brasileiro à sua ignorância perversa e pervertida.

Escola sem partido é coisa de Partido sem Escola!

PENSAR DÓI, MAS É BOM


A PROPOSTA DE ESCOLA SEM PARTIDO, É A PARTIDARIZAÇÃO DA ESCOLA!
Por Merlânio Maia

A Escola, em todos os graus, deve ser um palco para o debate e o aprendizado.

Para cumprir a função pedagógica de fato, precisa abrir as mentes e corações para a universalidade de toda produção cultural da humanidade.

Quando vem uma proposta de projeto de Lei como este PROJETO DE LEI DO SENADO nº 193 de 2016, vindo de um senador cantor gospel como Magno Malta, que demonstra seu semi-analfabetismo escolar e político, ou que nada sabe de nada e, ainda busca legislar para estancar a função primordial da Escola, que é de possibilitar uma visão crítica a cada aluno que sentar nas suas cadeiras! Um crime contra a produção do conhecimento neste país.

Como ensinar o Liberalismo, o Marxismo, o Humanismo e tantos "ismos", de que é feita a cultura humana, desde os primórdios, até os nossos dias, sem uma visão crítica de debates livres?

Esta é uma proposta de quem nada sabe de ensinar, pois que nunca soube o que seria aprender.

Esta visão produz uma venda fundamentalista nos alunos, para evitar o crescimento destes, ante a vida e produzir fanáticos e doentes mentais. São estas propostas que mostram o retrocesso cultural do país, pois estes detentores do poder querem estancar o processo de aprendizado tão necessários ao futuro da humanidade.

Como é uma ação fundamentalista, já traz em si mesmo a peja partidária, porém com a única visão míope e doentia de coibir o conhecimento, usando a força da lei, para manter seu partido, tão desprovido de conhecimento, no desejo doentio de calar todo tipo de conhecimento humano para, pelo menos igualar todo alunado brasileiro à sua ignorância perversa e pervertida.

Escola sem partido é coisa de Partido sem Escola!

quarta-feira, 13 de julho de 2016

ESQUERDA E DIREITA


Por Ariano Suassuna
Não concordo com a afirmação, hoje muito comum, de que não mais existem esquerda e direita. Acho até que quem diz isso normalmente é de direita.
Talvez eu pense assim porque mantenho, ainda hoje, uma visão religiosa do mundo e do homem, visão que, muito moço, alguns mestres me ajudaram a encontrar. Entre eles, talvez os mais importantes tenham sido Dostoiévski e aquela grande mulher que foi santa Teresa de Ávila.
Como consequência, também minha visão política tem substrato religioso. Olhando para o futuro, acredito que enquanto houver um desvalido, enquanto perdurar a injustiça com os infortunados de qualquer natureza, teremos que pensar e repensar a história em termos de esquerda e direita.
Temos também que olhar para trás e constatar que Herodes e Pilatos eram de direita, enquanto o Cristo e são João Batista eram de esquerda. Judas inicialmente era da esquerda. Traiu e passou para o outro lado: o de Barrabás, aquele criminoso que, com apoio da direita e do povo por ela enganado, na primeira grande “assembléia geral” da história moderna, ganhou contra o Cristo uma eleição decisiva.
De esquerda eram também os apóstolos que estabeleceram a primeira comunidade cristã, em bases muito parecidas com as do pré-socialismo organizado em Canudos por Antônio Conselheiro. Para demonstrar isso, basta comparar o texto de são Lucas, nos “Atos dos Apóstolos”, com o de Euclydes da Cunha em “Os Sertões”. Escreve o primeiro: “Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum. Não havia entre eles necessitado algum. Os que possuíam terras e casas, vendiam-nas, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade”. Afirma o segundo, sobre o pré-socialismo dos seguidores de Antônio Conselheiro: “A propriedade tornou-se-lhes uma forma exagerada do coletivismo tribal dos beduínos: apropriação pessoal apenas de objetos móveis e das casas, comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos escassos produtos das culturas, cujos donos recebiam exígua quota parte, revertendo o resto para a companhia” (isto é, para a comunidade).
Concluo recordando que, no Brasil atual, outra maneira fácil de manter clara a distinção é a seguinte: quem é de esquerda, luta para manter a soberania nacional e é socialista; quem é de direita, é entreguista e capitalista. Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.
Ariano Suassuna (1927 – 2014)

ESQUERDA E DIREITA


Por Ariano Suassuna
Não concordo com a afirmação, hoje muito comum, de que não mais existem esquerda e direita. Acho até que quem diz isso normalmente é de direita.
Talvez eu pense assim porque mantenho, ainda hoje, uma visão religiosa do mundo e do homem, visão que, muito moço, alguns mestres me ajudaram a encontrar. Entre eles, talvez os mais importantes tenham sido Dostoiévski e aquela grande mulher que foi santa Teresa de Ávila.
Como consequência, também minha visão política tem substrato religioso. Olhando para o futuro, acredito que enquanto houver um desvalido, enquanto perdurar a injustiça com os infortunados de qualquer natureza, teremos que pensar e repensar a história em termos de esquerda e direita.
Temos também que olhar para trás e constatar que Herodes e Pilatos eram de direita, enquanto o Cristo e são João Batista eram de esquerda. Judas inicialmente era da esquerda. Traiu e passou para o outro lado: o de Barrabás, aquele criminoso que, com apoio da direita e do povo por ela enganado, na primeira grande “assembléia geral” da história moderna, ganhou contra o Cristo uma eleição decisiva.
De esquerda eram também os apóstolos que estabeleceram a primeira comunidade cristã, em bases muito parecidas com as do pré-socialismo organizado em Canudos por Antônio Conselheiro. Para demonstrar isso, basta comparar o texto de são Lucas, nos “Atos dos Apóstolos”, com o de Euclydes da Cunha em “Os Sertões”. Escreve o primeiro: “Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum. Não havia entre eles necessitado algum. Os que possuíam terras e casas, vendiam-nas, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade”. Afirma o segundo, sobre o pré-socialismo dos seguidores de Antônio Conselheiro: “A propriedade tornou-se-lhes uma forma exagerada do coletivismo tribal dos beduínos: apropriação pessoal apenas de objetos móveis e das casas, comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos escassos produtos das culturas, cujos donos recebiam exígua quota parte, revertendo o resto para a companhia” (isto é, para a comunidade).
Concluo recordando que, no Brasil atual, outra maneira fácil de manter clara a distinção é a seguinte: quem é de esquerda, luta para manter a soberania nacional e é socialista; quem é de direita, é entreguista e capitalista. Quem, na sua visão do social, coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.
Ariano Suassuna (1927 – 2014)