A CANDEIA E A ARTE
Merlânio Maia
Que
teria um poeta sertanejo
A
dizer aos humanos sobre a arte,
Se
carrega somente um estandarte
Da
poesia vital dos sonhos seus
Mas
se existe uma arte verdadeira?
Neste
plano sensível da conquista
Todo
o sonho de estética do artista
Nasce
da inspiração que vem de Deus
Que
dizer aos ouvidos surdos, moucos...
Pois
a quem endereço o meu cantar
Ainda
não é capaz de mergulhar
Nesta
obra de arte e de grandeza
Que
sequer ante a tela do Universo
Das
estrelas escuta a melodia
Nem
dos astros o canto que irradia
Num
desfraldar de vida e de beleza?!
Se
não ouve da Terra o acalanto
Nem
escuta o oceano tão bravio
Nem
a fonte, o regato, o grande rio...
Nem
a queda do veio cor de prata
Nem
as nuvens que os ventos vão soprando
Nem
o atrito estridente dos trovões
Nem
a chuva que cai aos borbotões
Nem
o som poderoso da cascata?!
Se
não sente beleza no arco-íris,
Nem
nas flores que levam cor ao campo,
Nem
o encanta o piscar do pirilampo
Nem
a larva que empesta uma floresta
E
mais tarde adormece num casulo
Todo
rijo e disforme em casca preta
Pra
renascer, liberta, borboleta,
Multicor
transformando o mundo em festa
Quem
ao canto dos pássaros despreza
Quem
o nascer do Sol não revigora
Não
percebe que a natura aprimora
Seus
acordes de eterna sinfonia
Quem
não fez oração ao sol poente
Não
consegue entender o dom da vida
Nem
saber que a chegada e a partida
É
um eterno pulsar em noite e dia
É
esta Arte que falo e até declamo
Que
se canta inebria os sofredores
E
levando esperança, riso e flores...
Onde
há trevas este canto leva luz
Onde
a tristeza invade é alegria
Onde
há dor balsamiza em esperanças
É o
canto das Bem aventuranças
É o
Sermão do Monte de Jesus!